domingo, 6 de setembro de 2009

Só pode ser dos nervos

Trinta e não sei quantos remates, meia dúzia de oportunidades de golo que não se podem falhar, no final, apenas um golo marcado na sequência de um canto, um golo de todo improvável frente aos gigantes dinamarqueses.

Os entendidos dirão que Liedson devia ter jogado de início, e o mais curioso é que a maioria desses entendidos foi contra a convocação do luso-brasileiro para a nossa Selecção. Do que não me esqueço é que Cristiano Ronaldo foi o melhor marcador da Premier League e da Champions League, também não me esqueço que Simão foi um dos melhores marcadores da nossa Liga nas duas últimas épocas ao serviço do Benfica. E, tanto um como o outro, não se limitavam a marcar golos de penalty ou de livre directo, ambos desenvolveram características de finalizador. No entanto, na Selecção, por muito que rematem, por muito que tenham oportunidades claras, a bola não entra. Só pode ser dos nervos.

É inegável que Portugal voltou a fazer um bom jogo ofensivo frente à Dinamarca, mesmo em períodos da segunda parte apesar de o seleccionador voltar a sacrificar Tiago ao intervalo, um erro crasso. O jogador da Juventus é o elemento mais esclarecido do nosso meio-campo e, juntamente com Deco, o mais evoluído tecnicamente, mas independentemente de jogar este ou aquele, o que mais chateia é que se vê claramente que este Portugal — mesmo em tempo de reestruturação e com um central na posição de trinco — é melhor do que todos os seus adversários, melhor em tudo menos na hora de rematar à baliza. E esta falha não se deve à falta de um goleador de classe mundial, quantos há no futebol actual? Uma dúzia, talvez. Aquele dinamarquês do Arsenal que nos marcou um grande golo é um trambolho com quase dois metros, não é um génio da bola, no entanto, quando chegou o momento deixou-se guiar pelo instinto, por aquilo que vai aprendendo e repetindo nos treinos. Os outros jogam descontraídos, fazem o que podem e o melhor que sabem, divertem-se a jogar futebol, estão concentrados nas suas tarefas... Parece simples, mas nós não chegamos lá. Só pode ser dos nervos.

Daqui a uns dias jogamos com a Hungria. Uma derrota arrumava de vez com o assunto e podíamos todos começar a pensar noutras coisas que não no Mundial da África do Sul. No entanto, nenhum de nós deixa de ser tuga, nem eu, nem tu, nem o Deco, nem o Pepe, nem o Liedson. Ainda acreditamos que vamos encontrar uma fórmula mágica para conseguir o apuramento. Só se for por causa dos nervos... Dos outros.

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