segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O antimourinho

Em recente entrevista, Luís Filipe Vieira afirmou que Jorge Jesus era o melhor treinador português. Quando o jornalista que o entrevistou resolveu acrescentar, “a seguir a Mourinho”, Vieira reforçou a sua ideia: “Para mim, ele é o melhor treinador português” (ponto final). Na altura, atribuí pouca importância a esta afirmação do presidente benfiquista, mas ontem, depois de ouvir as declarações de Jorge Jesus no final do encontro com o Vitória de Guimarães, debrucei-me de novo sobre essa possibilidade, principalmente porque as declarações de Jesus marcaram uma clara diferenciação filosófica na abordagem motivacional que os dois técnicos fazem aos seus jogadores.

O Benfica venceu o Torneio Cidade de Guimarães. Tudo correu bem à equipa encarnada: duas vitórias; bom futebol; seis golos marcados e nenhum sofrido. Mas houve um percalço, a lesão de Maxi Pereira. No final do jogo frente ao Guimarães, no qual o lateral uruguaio já não participou, um repórter da SporTV questionou o técnico benfiquista sobre se os encarnados tinham soluções no plantel para substituir Maxi Pereira, que deverá estar afastado dos relvados por um mês, Jesus não teve papas na língua: “Ficou provado com este jogo que não temos soluções à altura para substituir o Maxi”, jogador considerado fundamental pelo treinador. Por outras palavras, o que Jorge Jesus disse foi que o Patrick, lateral direito brasileiro que teria dificuldades em garantir um lugar a titular numa equipa que luta para não descer na Liga de Honra, não presta.

E é aqui que se estabelece uma clara distinção entre JJ e Mourinho. As únicas vezes que José Mourinho “bate” nos seus jogadores é quando o treinador sabe que os futebolistas podem render mais do que o que demonstram em campo — basta lembrar Sabry nos tempos do Benfica, ou Adriano no Inter — já Jorge Jesus não tem pejo em dizer que os seus jogadores não prestam e que, se pudesse, ia já a correr trocar Patrick por um outro lateral qualquer. Ah, e Jesus continua um bronco, enquanto Mourinho espalha charme por esta Europa fora. Nem com ajudas de um staff de especialistas do bem falar o técnico benfiquista consegue dizer três palavras seguidas sem se engasgar. Mourinho à parte, aos sportinguistas calhou o treinador da “tranquilidade” e do penteado ridículo, aos benfiquistas calhou um que não sabe falar. Só que o último parece ter uma equipa que lhe permite expressar-se através dos resultados, enquanto o primeiro... nem por isso.

2 comentários:

Anónimo disse...

Mourinho espalha charme?!?

Pois, o Cristiano Ronaldo também faz de playboy quando tem a bola nos pés...

Olhe que analogia!

O Canetas Pretas disse...

Sim, espalha charme. É considerado um homem culto, que se expressa bem em várias líguas e ao gosto de muitas mulheres. Só o acusam de ser arrogante, o que não é propriamente o oposto de charmoso... Mas foi uma frase, como tantas outras. A ideia era distinguir Mourinho de Jesus.