Estádio do Dragão, cidade do Porto, jogo referente à segunda mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões entre Futebol Clube do Porto e Manchester United. Depois do empate a duas bolas no encontro da primeira mão, o Porto partia em vantagem para a batalha de ontem. Os diabos vermelhos estavam obrigados a vencer a partida ou a empatar pelo menos a dois golos. Tarefa que se adivinhava complicada depois da pálida exibição dos ingleses na recepção aos dragões. Só que todos os portugueses, mesmo os mais optimistas, sabiam que o Manchester era melhor, aliás, o Manchester é o melhor! É o campeão inglês, da Europa e do Mundo em título, e nas suas fileiras conta com o futebolista eleito como o melhor do planeta. Aos ingleses bastava serem iguais a si próprios para aumentarem e muito as probabilidades de passarem a eliminatória... Ao Porto pedia-se superação.
Apesar de me encontrar optimista no início da partida, diria que fiquei apreensivo assim que surgiu na TV a constituição inicial do United. Sir Alex não teve pejo em montar a sua equipa com o único intuito de bloquear o futebol do campeão português. Considero inclusive hilariante que a fórmula vencedora implantada por Ferguson seja em tudo idêntica à fórmula de Quique Flores para o Benfica, um 4x4x1x1, com um duplo pivot defensivo na zona central do meio-campo... Os estrategas ingleses identificaram os pontos fortes da formação portuguesa como sendo a circulação de bola promovida pelo trio do meio-campo, apoiada nas movimentações no flanco esquerdo da dupla Rodriguez-Cissokho. A agressividade e o pressing que Carrick, Anderson e Rooney imprimiram no jogo rapidamente obstruíram a engrenagem do futebol azul e branco. A colocação de Wayne Ronney a médio direito foi determinante durante os 90 minutos, de facto, não está ao alcance de muitos ter um jogador que consegue anular a produção ofensiva do flanco adversário mais forte, sem nunca deixar de constituir ele próprio uma ameaça ofensiva — Extraordinária capacidade para preservar a posse de bola — As outras duas armas azuis, os devaneios de Hulk (jogatana horrível) e Lisandro, foram controladas com classe por três defesas que são do melhor que há no futebol mundial: Vidic; Ferdinand e Evra.O primeiro minuto do encontro revelou um Manchester a colocar em campo tudo o que o seu treinador imaginou para a partida, e revelou um Porto atarantado, privado da sua identidade. Ao minuto seis mataram a eliminatória. O dragão foi-se erguendo lentamente durante oitenta e quatro minutos mas nunca chegou a cuspir fogo. Um United igual a si próprio no carisma e no talento, mas diferente na abordagem táctica trucidou as ambições portistas. No entanto, a portistas e portugueses sobram vários motivos de orgulho que se podem englobar numa única frase: O Futebol Clube do Porto só foi eliminado pela melhor equipa do mundo porque um português, que é o melhor do mundo, marcou o melhor golo do mundo.
Golo de Cristiano Ronaldo analisado por caras bem conhecidas
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