quarta-feira, 8 de abril de 2009

The Porto’s way

À moda do Porto, ou «the Porto’s way», é o chavão que se pode colar ao desempenho portista ontem à noite em Old Trafford. À moda do Porto porque a noite de Manchester não foi obra de Pedroto, Artur Jorge, Mourinho, nem de Jesualdo Ferreira, foi fruto da tradição aliada a um nome e a duas cores que simbolizam luta, sofrimento, superação e conquista... tradição essa que nem Octávio Machado conseguiu arruinar.

Qualquer homem sábio concordaria com a presunção de que uma das grandes virtudes do Homem é conhecer as suas limitações. Segundo este prisma, a grande virtude do treinador portista neste último terço de época tem sido saber reconhecer as suas limitações. Afirmo sem medo que Jesualdo Ferreira é um treinador assim-assim, não é um dos grandes, e é curioso constatar que, ao contrário do habitual, o experiente técnico decidiu-se por não introduzir uma surpresa ao escalar a constituição inicial azul e branca para a partida de Manchester. Nos últimos dois anos e meio os dragões têm claudicado repetidas vezes nos encontros de alto gabarito, essencialmente porque o professor tem insistido em baralhar e redistribuir os seus pupilos no relvado, por forma a tentar surpreender os adversários mais cotados. A esperteza saloia tem-se revelado catastrófica.

Colocar a equipa a jogar certinho e esperar que três ou quatro jogadores-chave resolvam as partidas é o máximo a que o professor pode ambicionar. Foi assim que «esmagou» o Arsenal, eliminou o Atlético de Madrid e não restam dúvidas de que Jesualdo finalmente tomou consciência de que esta é a sua realidade e, ao mesmo tempo, o seu «happy place». A nação portista saiu muito a ganhar com este episódio de cariz introspectivo.

O empate a duas bolas conseguido frente ao Manchester United no inferno de Old Trafford, com o detalhe de os dragões terem oferecido dois golos ao adversário, foi a manifestação ofuscante de uma áurea azul e branca que por vezes erradia de cada portador do emblema nortenho. Não se soube de jogadas de bastidores, não foram empregues surpresas tácticas, antes surgiram 14 jogadores (a maioria modestos) sob a influência de uma poção mágica que não perdeu as suas propriedades em trinta anos de utilização. E agora o todo-poderoso Manchester United, vencedor em título da Champions League, está obrigado a fazer algo que nenhuma outra equipa inglesa conseguiu fazer... Ganhar no Estádio do Dragão.

Obviamente que o campeão inglês continua a ser o favorito na eliminatória. Se a poção mágica deles for distribuída nas doses habituais, serão os de vermelho a passar às meias-finais, mas isso por enquanto pouco importa. O que importa é que todos sentimos orgulho, mais ou menos secreto, no trabalho de uma equipa e de um clube que uma porção dos portugueses gasta uma vida a insultar. Para todos os efeitos e independentemente do que se passar no encontro da segunda-mão, a este empate ninguém tira o rótulo de mais uma vitória à moda do Dragão!

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